sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Brasil: modelo de desenvolvimento sustentável?

Biodiversidade: a teia da vida.


Tenho andado muito ocupado com provas finais das universidades e com o trabalho de conclusão de curso para as mesmas, por tais motivos que "abandonei" esse espaço virtual que vos escrevo.

No entanto, não posso deixar de comentar brevemente o discurso de nosso guia afirmando que vai desafiar os países desenvolvidos a adotar metas mais rígidas para redução do lançamento de gases estufas na atmosfera.

1- A meta brasileira de redução entre 36,1% a 38,9% do lançamento dos gases estufas para 2020 é baseada somente em projeções para o referido ano, logo o Brasil não irá reduzir suas emissões.

2- Os principais biomas nacionais estão a beira do colapso: a Mata Atlântica é a floresta tropical mais ameaçada do planeta; o Cerrado e o Pantanal brasileiro são devastados pela cana, soja e pasto; apesar do desmatamento da Amazonia ter apresentado queda, ele continua a níveis insustentáveis; os Pampas já perderam maior parte de sua biodiversidade e vegetação e, enfim, a Caatinga corre sério risco de desertificação.

3- Não há qualquer planejamento urbano nas grandes cidades brasileiras, o que, de fato, aumenta o impacto das atividades antrópicas no meio.

4- O modelo de transporte público é pífio, aumentando a necessidade de uso de carro e, consequentemente, o lançamento de gases estufa na atmosfera.

5- Nossa economia é extremamente dependente da venda de carros, o que diminui nossa margem de manobra para a busca do desenvolvimento sustentável.

6- Se por um lado a cana de açucar, matéria prima para o etanol, absorve pequenas quantidades de gases estufa, por outro lado, ela é responsável por grande parte do desmatamento dos biomas brasileiros, o que aumenta as emissões de carbono e gera perda da biodiversidade.

7- Nossas unidades de conservação estão ao léu, salvo pouquíssimas excessões.


Essas são poucas considerações sobre a questão, porém, são suficientes para demonstrar que o discurso ambiental de nosso guia é mais uma de suas falácias, dessa vez para inglês ver (ouvir).

obs1: Votei no Lula em 2002 e 2006 e ele, verdadeiramente, promoveu mudanças em nosso país. Contudo, no que tange à ética e à questão ambiental, temos que torcer para que o Brasil e o Lula não sirvam de modelo para ninguém.

obs2: Marina 2010 !

domingo, 6 de setembro de 2009

Um sonho intenso, um raio vívido.



Minha amada pátria,

É com muito orgulho que vos escrevo para dizer que te amo. Apesar dos pesares, serei sempre fiel a ti; és o meu país, a minha casa. Se um dia viajei por tantos outros lugares, foi para te valorizar ainda mais. Se um dia estive desacreditado quanto ao seu potencial, mudei de idéia.
Nesse grande futuro que nos espera, não podemos esquecer nosso passado. Há muitas coisas que gostaria de esquecer, é verdade, contanto, prefiro me lembrar de seus filhos que morreram para defender o sol de sua Liberdade.
Há muitas coisas ruins acontecendo concomitamente em suas belas paisagens, mas como essa carta é uma homenagem a ti, não irei comentar.
É bem provável que eu vá para outras bandas mais uma vez, mas não fique triste, estarei também a seu serviço, carregando sempre seu lábaro junto a mim e divulgando toda a sua beleza: o céu de puríssimo azul, a verdura sem par de suas matas e o esplendor do Cruzeiro do Sul. Mas fique certa que sempre voltarei para ti.
Saiba que estarei sempre ao seu lado, morrerei por ti se for preciso. Não importa aonde estiver, escutarei seu chamado. Parabéns por mais um dia de sua Independência.
"Terra adorada, entre outras mil, és tu Brasil, ó Pátria amada! Dos filhos deste solo és mãe gentil, Pátria amada, Brasil !"


Tenho muito orgulho de ser brasileiro,
Leandro Almeida de Barros Rosa




domingo, 30 de agosto de 2009

Marina Silva 2010.


Finalmente uma notícia positiva no cenário político nacional: Marina Silva se filiou ao PV e abriu caminho para sua candidatura em 2010. Ainda há luz no fim do túnel.


Por mais que Marina afirme que não se decidiu se sai ou não de candidata à presidencia da República, tenho certeza que virá. A festa de filiação ao Partido Verde teve ares de espetáculo e já existe um trabalho profissional em relação a sua imagem, evidenciando o marketing político necessário a qualquer candidato.


Nos dois últimos pleitos votei no Lula, não voto mais; foi reprovado segundo meus métodos de avaliação. Dou nota oito para o seu governo mas nota zero por suas posturas e atitudes, média quatro, não passa.


O governo teria um dez, pois conseguiu gerar emprego e renda para as classes mais baixas, aquecendo a economia, todavia, tiro dois pontos por suas políticas assistencialistas retrógradas que nada ajudam cidadãos brasileiros a sair da miséria. Quanto as posturas e atitudes de Lula não há dúvida, é zero, simples assim. Um presidente de qualquer nação não pode se orgulhar de não ler jornal. Não pode ser conivente com infindáveis escândalos de corrupção em nome da governabilidade. Não pode esquecer sua história e seu próprio partido.


Se já não votaria no Lula, imaginem na Dilma. Essa nova imagem não cola, não dá liga. Para mim sempre será a mesma: retrógrada, autoritária e mentirosa. Para completar, a senhora Roussef tem uma visão atrasada de desenvolvimento na qual é preciso destruir para construir, sua forma de pensar está mais para os militares da ditadura do que para um governo sustentável do século XXI.


Estava triste pois estava convicto em anular meu voto de forma irrevogável. Mas, assim como o Mercadante, mudei de idéia, votarei na Marina.


Não sou especialista em marketing político, entretanto, posso sugerir aos marqueteiros do Partido Verde e de Marina Silva que posicionem sua candidatura como uma alternativa viável ao dualismo PT / PSDB, explorando o novo e a biografia irrefutável da senadora.


Na pior das hipóteses, a candidatura de Marina já é por si só vitoriosa, visto que irá colocar o tema do desenvolvimento sustentável definitivamente na agenda política de qualquer postulante ao cargo de presidente. Em tempos de pré-sal e de mega hidrelétricas na Amazônia, a discussão do tema de sustentabilidade em âmbito nacional será um avanço considerável para a sociedade brasileira.


Tanto o PT quanto o PSDB terão que engolir e digerir como achar conveniente a candidatura de Marina Silva em 2010. O PMDB continuára "obrando" na cabeça da sociedade brasileira com sua tropa de elite se qualquer um desses partidos ganhar.


Venha sim, Marina Silva, não tenha medo: tu tens meu voto e o de milhões de brasileiros. Você representa o novo Brasil, o gigante que se cansou do berço esplêndido e vai a luta por um mundo melhor e mais sustentável. Nossas verdes matas precisam de você, nosso povo também. Vá para a vitória e redefina o quadro político nacional para melhor. Sim, nós podemos.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Vá Michael, vá !



Prezado Michael,

Não tive a oportunidade de lhe conhecer pessoalmente, assim como a maioria dos seus milhões de fãs espalhados pelo globo. Contanto, acho que você não gostaria de saber o que está acontecendo por aqui desde que partiu.

A mãe de seus filhos disse que você não é o pai biológico das crianças e deve brigar pela suas guardas na justiça, ou, ao menos, chutar o traseiro de jornalistas que façam perguntas sobre isso. Se eu fosse você colocaria as barbas de molho; uma enfermeira pode ter trocado seu material genético por outro.

Seu pai está furioso por não ter sido incluído em seu testamento. Particularmente, acho que você cometeu um erro. Depois de ter explorado sua infância, adolescência e maturidade, seu pai está disposto a explorar a sua morte e pós-morte para garantir a herança que lhe foi negada. Ele já prepara um novo “mix” de produtos com sua imagem para garantir alguns milhões.

A briga por tudo que você construiu, Michael, só está começando. Os especialistas dizem que o pior ainda está por vir. Futuros pedidos de guarda dos filhos, contestação de testamento, pedidos de indenização por abusos e mais uma série de medidas judiciais infindáveis e ignoradas por mim estão a caminho.

Nesses treze dias tudo está uma zona. Na sociedade da informação globalizada, a desinformação impera. Por enquanto, tudo a seu respeito é especulação.

Dizem que o culpado é o médico. Dizem que você era viciado em analgésicos. Dizem que morreu de overdose. Dizem que era pedófilo. Dizem que era Santo... Dizem tudo e nada ao mesmo tempo. O importante é dizer algo sobre você; estão vendendo como nunca.

Para se ter idéia, um pequeno “site” de fofoca local sobre celebridades ganhou status mundial devido a sua morte. Esse tal TMZ, deu o furo de reportagem mais importante do século: derrubaram o primeiro dominó que causou um efeito jamais antes de visto.

Você foi o primeiro ser humano a engarrafar a Internet. Pessoas de todas as cores; negros, brancos, amarelos, mulatos e de todas as crenças e religiões foram ao “sites” de busca na rede pesquisar por um só nome: Michael Jackson.

No “Google”, em apenas 0,10 segundos foram encontrados 199 milhões de referências a você. Já no “Yahoo”, no tempo recorde de 0,6 segundos foram encontradas 840 milhões. No “Youtube” existem 604 mil vídeos, que irão se multiplicar exponencialmente após o “grand-finale”. Não pude consultar a busca da “Microsoft”, minha conexão banda larga caiu, deve ter sido mais um engarrafamento...

Hoje, nesse fatídico dia em que foi enterrado, um grande espetáculo foi montado por eles, estou vendo a espetacularização da sua morte, ao vivo.

Na TV a cabo você está em todas: E!, Globonews, Multishow, Bandnews, BBC, CNN, Foxnews, TV5.... Não tenho Al Jazeera disponível, mas você também deve estar lá.

Na TV aberta brasileira é ainda mais engraçado e curioso. O espetáculo é o mesmo, mas com comentários freqüentes de jornalistas brasileiros que vão de Christiane Pelajo à Wagner Montes, passando por Datena e Sonia Abrahão. Seus programas pessoais não tem nada em comum e, no entanto, eles não param de falar sobre você, Michael. Você é o cara.

Achei que o carnaval brasileiro fosse o maior espetáculo da terra, mas estava enganado: sua morte é indubitavelmente o maior! Você não está aqui para ver, mas não acreditaria no que está se passando.

As mesmas pessoas que te crucificaram e jogaram pedras, estão te assistindo. Os que te confinaram a uma vida em cativeiro, sem qualquer privacidade, também. Os que te fizeram refém do próprio sucesso, idem. E todos comem pipoca nesse momento...

Todos o chamam de gênio da música e de louco varrido. Porém, todos esses também seriam loucos se tivessem suas vidas devassadas como a sua. A diferença é que eles estão longe de ser gênios como você.

O mundo chora e vende a sua morte, não tem jeito. Você sabe como funciona...

Vá Michael, vá ! Você não era mais feliz aqui ! Dance o “moonwalk” nas nuvens do Reino dos Céus e reze por nós, ainda há muito a fazer para curar o mundo.

Vá Michael, vá ! Para a verdadeira Terra do Nunca ! Cruze a tênue linha que separa a vida da morte e seja livre, assim como uma "Orca" o fez ouvindo sua linda canção e voz!

Vá, Rei do Pop, vá ! Diga ao Rei do Reggae e ao Rei do Rock que mando lembranças, na promessa de um novo amanhã! Suas músicas ficarão eternizadas em nossos corações.

“May the world let you rest in peace”,

Leandro Almeida de Barros Rosa - Brasil.
07/07/2009


sexta-feira, 12 de junho de 2009

Normandie - France - Fevereiro/Março 2009


Fotografei na França com minha Rolleiflex...


Honfleur


Pôr-do-Sol Trouville

Restos de uma Grande Guerra, Bateria do Monte Canisy.







Pôr-do-Sol Deauville/Berneville



Final de Inverno em Vasouy / Honfleur






terça-feira, 9 de junho de 2009

Golfinhos em Jay Bay - Junho/2008

Saudades

De deslizar nas ondas sem fim

Direitas de sonho

O dia todo,

Todo dia

Saudades

De não fazer nada

Além de surfar...

Ondas sem fim

Saudades

Da magia de dividir a mesma onda

Com golfinhos

Saudades

De temer tubarões e avistar baleias

O dia todo,

Todo dia

Saudades

Do verde.

Sonho de menino realizado!

obs: video gravado por Nicholas - NZ, apareço no final em pé sobre as pedras mais próximo d'água, luna também apareçe....

Nkosi Sikelel' iAfrica.








Seu nome era Kayaletho, nascido e criado em solo africano. Filho da África, mais precisamente das colinas verdejantes do Transkei, então um Estado independente segregado pelo regime racista do Apartheid na África do Sul.


Era primavera do ano de 1964. A noite cantava suas melodias da estação que recém-chegara. Os insetos com suas guitarras psicodélicas, os sapos com suas percussões incessantes e o silêncio estrondoso dos pequenos pássaros anunciavam o que estava por vir. As cobras recém-saídas de seus buracos chacoalhavam seus chocalhos e, lá do alto, as aves de rapina rasgavam o céu e com seus faróis vasculhavam as sombras. Seus botes fatais representavam o fim de suas presas e, paradoxalmente, davam continuidade ao ciclo mágico natural da vida.


Uma lua mais-que-cheia beijava as águas do Índico. Sua bola de fogo paralela inicial deu lugar a uma paixão fugaz porém intensa. Iluminava o azul do mar infindavelmente, como que sabendo que quando a aurora chegasse sua relação acabaria. Oferecia tons prateados aos sopros das baleias jubartes e suas crias, frutos do último inverno que se encerrara. As centenas de golfinhos celebravam a noite e a fartura, pois as sardinhas por aquelas águas ainda corriam aos milhares, num dos fenômenos mais grandiosos da mãe Natureza. A comida era tanta que os tubarões da morte completavam a ceia, dividindo a comida com seus inimigos cetáceos declarados.


Sem dúvida aquela noite era especial. Tudo parecia ordinariamente comum, mas o extraordinário ainda estava por vim.


No vilarejo de Mpande, do alto de uma colina à beira-mar, dentro de uma tradicional oca Xhosa estava Lindela na posição da luz. Pernas estiradas, abertas em quase 90º graus esperando pela primeira etapa do ciclo da vida: o nascimento. A seu redor estavam seu fiel marido Melisizwe; a parteira local com uma ajudante; e mais duas sangomas, feiticeiras típicas da região em que as pessoas acreditavam poderes sobrenaturais e milagrosos.


Melisizwe era líder de todo o vilarejo de Mpande. Sua inteligência aliada ao vigor físico forjou uma pessoa respeitada por toda a comunidade e, naturalmente, ele foi escolhido para guiar o vilarejo. Convocando os mais jovens para ampliar as plantações de milho e os ensinando a pescar, levou uma fartura nunca vista para seu povo.


No entanto, uma terrível seca no ultimo verão destruiu todo o milho e impediu a comunidade de armazená-lo para o inverno. Para piorar as coisas, no começo da estação da escassez, o patriarca foi fisgado por uma pneumonia que quase o matou. Seus únicos desejos enquanto esteve enfermo foi de ver o nascimento do seu segundo filho e a recuperação de seu primeiro, que sofria de inanição devido ao tempo das vacas magras. Muitos acreditam que foram esses anseios que serviram de combustível para não ultrapassar a tênue linha que separa a vida da morte.


De fato, foi um inverno muito rígido que levou consigo muitas almas daquele povo simples, mas que continuadamente insistia em lutar pelos seus destinos. Apesar de muitos fatos sombrios terem se passado no período, voltemos a aquela noite especial de primavera.


Do lado de fora da oca, o único filho de Lindela brincava com a fogueira, Nkosane, o príncipe, era seu nome. Tinha apenas dois anos e se recuperava da inanição que quase o levara a morte no começo do inverno. Seu pai, Melisizwe, estava impedido de pescar por uma pneumonia, e a ausência de alimento comum à estação do frio foi o primeiro grande desafio vencido por ele. Porém, a chegada da primavera e a recuperação de seu pai trouxeram de volta a fartura e com ela, Nkosane recuperava-se vigorosamente.


Além do menino, toda a vila se encontrava ao redor da maloca. As mulheres negras rezavam preces ao Senhor enquanto os homens dançavam as orações e batiam forte no tambor Xhosa. Todos em uníssono, como que estivessem falando ao pé do ouvido do criador para que trouxesse o segundo filho de seu líder com saúde. Não se sabia se era homem ou mulher, mas não se importavam, pois o primogênito já havia nascido e passava bem.


Depois de duas horas de trabalho de parto, o clima estava cada vez mais tenso. A luz ainda não havia sido dada, pois a criança estava em posição lateral. Lindela apertava forte a mão de Melisizwe. Apesar de estar agoniada pela dor dos pés da criança batendo em suas vísceras, ainda forçava suas contrações na esperança natural de forçar a saída do sangue do seu sangue. Seus gritos ecoavam pelos campos cada vez mais verdejantes e traziam preocupação a todos da comunidade.


As sangomas temiam pelo pior, a morte da criança e de sua mãe, o que muitas vezes acontecia na região. A vida nunca foi fácil naquelas bandas. A parteira e sua ajudante sentiam-se impotentes, nunca viram uma posição tão imprópria para o parto natural como aquela. Elas estavam exaustas, e com isso as chances de sobrevivência do fruto e de sua árvore eram cada vez mais difíceis.


Repentinamente, ouve-se um canto muito especial vinda de fora. Era a oração máxima de todo o povo Xhosa, Nkosi Sikelel' iAfrica, que com o fim do Apartheid foi adotada como hino nacional da África do Sul.

Nkosi Sikelel' iAfrika
Maluphakmis' uphondo lwayo
Yizwa imithandazo yethu
Nkosi sikelela, Thina lusapho Iwayo
Morena boloka Sechaba sa heso
O fedise dintwa le matswenyeho
Morena boloka sechaba sa heso
O fedise dintwa le matswenyeho
O se boloke, o se boloke
O se boloke morena, se boloke
Sechaba sa heso, Sechaba sa Afrika
Nkosi Sikelel' iAfrika
Maluphakmis' uphondo lwayo
Yizwa imithandazo yethu
Nkosi sikelela, Thina lusapho Iwayo
Wosa Moya, Wosa Moya
Wosa Moya, oyingcwele
Nkosi Sikelel
Thina lusapho Iwayo.

-

Senhor, abençoe a África!
Que o espírito dela se erga
Ouve também nossas preces
Senhor, abençoa-nos
A nós, a família africana
Senhor abençoa nossa nação
Faça cessar as guerras e os sofrimentos!
Salve-a! Salve-a!
Mantenha-a livre! Salve-a!
Nossa Nação
A Nação africana!
Vem espírito! Vem espírito!
Vem Espírito Santo
Senhor abençoa-nos
A nós, a família africana!


As vozes foram aumentando e os batuques também. Todos cantavam o som com o coração de suas almas, como que a última cartada para que um milagre acontecesse. E ele aconteceu. Como que por mágica ouve-se um estrondoso grito de pranto soando no ar. A sinfonia animal cessou; o frenesi alimentar nas águas do Índico parou; o tambor Xhosa, as orações e as danças histéricas também.


O único som era do pranto desesperado de um menino que achou que não veria a luz. Mas ele viu. Kayaletho era seu nome, que na língua daquele povo significava nossa casa. Alguns segundos emudecidos passaram-se, mas, logo depois, os sons daquelas terras e de seus animais voltaram ainda mais fortes: dessa vez para celebrar a continuidade do ciclo mágico natural da vida!